A visita do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Saucher, ao Tocantins nesta semana acendeu os holofotes sobre uma crise silenciosa que há tempos incomoda clubes profissionais do estado. A principal queixa: uma suposta distorção no sistema eleitoral da Federação Tocantinense de Futebol (FTF) que, segundo dirigentes ouvidos sob anonimato, enfraquece a representatividade dos clubes da Série A e B, e concentra o poder decisório em ligas amadoras e times da capital sem atuação no futebol profissional.
Sistema eleitoral questionado
O modelo tocantinense de eleição na FTF difere de outras federações do país e da própria CBF. Aqui, as ligas municipais de futebol amador têm peso majoritário no processo eleitoral, enquanto os clubes da Série A possuem peso reduzido e os da Série B sequer têm direito a voto. Para os dirigentes, trata-se de uma inversão da lógica natural da organização do futebol profissional.
“É um minotauro dentro do estatuto. Os times amadores da capital votam, mas os clubes da Série B, que movimentam o futebol profissional, ficam de fora. Em qual lógica isso é justo?”, afirmou um dos dirigentes, sob condição de anonimato.
Atribuição da FTF e o papel dos clubes
A Federação Tocantinense tem como missão organizar os campeonatos estaduais – masculino, feminino e de base – e promover o futebol no estado. Para isso, conta com apoio da CBF e tem direito, inclusive, a uma vaga na Copa do Brasil, principal vitrine dos clubes pequenos. Mas a crítica recorrente é a falta de apoio prático da FTF aos clubes, que alegam carência de incentivo financeiro, promoção de campeonatos com premiações modestas e ausência de articulação por patrocínios.
Associação paralela e movimento por mudanças
Diante do cenário, ao menos nove clubes profissionais já se uniram para formar uma associação independente com objetivo de pressionar por mudanças no estatuto da FTF. A proposta principal é que os clubes da Série A tenham peso igual ao das ligas amadoras nas eleições e que os clubes da Série B conquistem direito a voto.
“Hoje, basta o apoio de algumas ligas para se eleger. Não há disputa real. A estrutura favorece a manutenção de um mesmo grupo no poder por anos”, disse outro dirigente, também em off.
Informações: Ricardo Fernandes Almeida